quarta-feira, 9 de julho de 2014

OS ÓCULOS E O SONHO



OS ÓCULOS E O SONHO


Reinaldo sonhava embaçado, não havia nenhuma nitidez no reino da noite, tudo era nublado e as cores esmaecidas. Morria de inveja quando seus amigos relatavam aventuras nítidas como películas de cinema, cheias de cores e movimentos; os personagens visíveis com todas as feições perfeitas.
Nos sonhos de amor que ouvia, a inveja até se tornava raivosa. As pessoas se beijavam e se amavam como na vida real e ele, nada: Como seus sonhos jamais foram nítidos, a imagem disforme se tornava frustrante e terminava sempre desastrosa e com atritos.
Pensou muito e chegou à conclusão que desde criança sempre usara óculos, só o tirava para se banhar e dormir: - Era isso! Dormia sem óculos e não enxergava nada, como na vida real. Resolveu dormir de óculos para ter o sonho perfeito.
Por cinco noites mal conseguiu dormir, a armação caia, machucava, incomodava. Quase quebrou.
Comprou um aparelho próprio para mergulho que se adaptava perfeitamente no rosto e acomodava a armação. Colocou bem firme. Já tinha aprendido a dormir de barriga para cima. Estava apto a sonhar.
Realmente sonhou colorido, estava dando certo. Logo cedo entrou na Internet, marcou o oculista com urgência e saiu apressado. No sonho toda parafernália que montara estava funcionando, tinha expressão facial, cores, movimentos e nitidez desejada; apenas um detalhe com tantas amarrações não dava para beijar, nem amar.
Comprou um par de lentes de contato, todo satisfeito com sua nova ideia.

09/07/14
Tony-poeta

Imagem Google.

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